Artigo do Policial Rodoviário Federal Luiz Costa: "O Tempo é Realmente Relativo?" Postado domingo, 28 de fevereiro de 2016 ás 23:41
Há pouco mais de um século, o físico Albert Einstein, até então desconhecido pela humanidade, formulou algumas teorias que alteraram completamente a forma como enxergamos o mundo pelas leis da Física. Uma delas, a teoria da Relatividade Especial, explica que há possibilidade de viagens no tempo tendo como condição principal uma velocidade elevada de deslocamento, já que o tempo passa mais devagar quando se está a uma velocidade próxima à da luz. Exemplificando tal teoria, se há dois irmãos gêmeos e um deles decide fazer uma viagem para algum local fora da Terra em uma espaçonave ultrarrápida e depois retorna, encontrará seu irmão, que ficou na Terra, muito mais velho que ele (Paradoxo dos Gêmeos). Na teoria, esta viagem é possível, porém, para torná-la uma realidade, dependemos do desenvolvimento de tecnologias ainda inexistentes que nos permitam, entre outras coisas, desenvolver uma velocidade próxima a 299.000 Km/s.
Fazendo um paralelo a esta teoria, tomamos como exemplo alguns condutores de veículos automotores que tentam, na prática, comprová-la no presente, agindo como grandes conhecedores de Física e seguidores de Einstein, tentando a todo instante provar a sua “teoria pessoal da relatividade” em nossas rodovias, desenvolvendo velocidades cada vez mais excessivas em suas naves, digo, veículos, como se quisessem avançar no tempo, e retornar “rejuvenescidos”. Na realidade, porém, ocorre o contrário: Você já imaginou quanto estresse e fadiga são gerados quando estamos dirigindo? Ainda mais quando inserimos velocidades incompatíveis com a segurança viária. Por isto, envelhecemos! Pior ainda: A insegurança proporcionada é tanta que já poderíamos pular todas as etapas de nossa vida em segundos até o ponto de nossa inexistência, consequência dos acidentes graves causados por simples imprudência.
Einstein disse certa vez que há apenas duas coisas que podem ser infinitas: o Universo e a estupidez humana. E ele confessou, não tinha certeza sobre o Universo. Já a estupidez humana...
Esta “estupidez”, aqui representada pelo excesso de velocidade empregado no trânsito por condutores irresponsáveis, é um dos maiores causadores de mortes nas rodovias federais brasileiras. Segundo o estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com a colaboração da Polícia Rodoviária Federal, denominado “Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: Caracterização, tendências e custos para a sociedade”, os acidentes nestas rodovias causaram 8.227 mortes no ano de 2014, com cerca de 100.000 feridos, ou seja, 4% dos acidentes apresentaram vítimas fatais e 37%, feridos. Aproximadamente 23% das mortes foram causadas por excesso de velocidade ou ultrapassagem indevida, sendo que, especificamente, 13% dos acidentes com mortes foram causados por excesso de velocidade, podendo este número ser ainda maior devido ao fato de que em muitos acidentes não se consegue identificar claramente as causas.
Atualmente, além de contar com o bom senso dos nossos motoristas, a PRF e outros órgãos governamentais e não governamentais tentam conscientizá-los através de palestras e campanhas educativas da importância de se respeitar os limites de velocidade. Entretanto, muitos cidadãos consideram este trabalho desenvolvido tão tedioso quanto à leitura inicial deste artigo. E quando campanhas de conscientização não surtem o efeito desejado no indivíduo, resta a punição, que tem por premissa preservar a vida humana, inclusive a do infrator. Desta forma, a utilização de medidores de velocidade faz-se necessário, não como fim arrecadatório, comumente defendido pelos “falsos discípulos” de Einstein, mas como um “freio auxiliar” do veículo, aplicado pelo Estado, quando o pé direito do condutor teima em pressionar somente o pedal do acelerador. No Brasil, este "freio" está inserido no Código de Trânsito, com multas que podem chegar a R$ 574,62 e ocasionar, inclusive, a suspensão da carteira.
Às vezes, entretanto, nem mesmo a possibilidade de punição consegue conscientizar alguns condutores, pois a única certeza para estes cidadãos resume-se a uma palavra deste texto: “TEMPO”, ou melhor, a falta dele. Na verdade, hoje, não o temos mais, ou não nos damos o luxo de tê-lo, pois estamos sempre “correndo”, literalmente. No final, o tempo nos controla, quando deveria ser o oposto, e não necessitaríamos expor nossa vida à pressa do dia a dia. Traduzido aqui no excesso de velocidade em veículos automotores, por que não controlamos o tempo programando-nos para iniciar uma viagem um pouco mais cedo? Cabe a cada um a resposta!
Por tudo isso, pode-se concluir que o tempo é relativo na Física, mas absoluto na sua influência em nossas vidas. E assim mantemos a nossa “estupidez humana” sendo controlados por ele, acelerando a cada dia o nosso processo de envelhecimento, tornando-o cada vez mais curto, e, finalmente, contrariando as teorias de Albert Einstein.
Luiz Andre Pereira Costa
Policial Rodoviário Federal
Ms. Eng. Mecânico e Produção/UFSM
Parabens, bem colocado sua tese em pauta, esperamos que muitos tomem consciencia e tornem nosso transito melhor. Abraço