O adeus de um valente: Homenagem ao policial Tadielo Postado quarta-feira, 10 de abril de 2019 ás 16:05
Na semana passada, em razão da morte do policial militar Emerson Daltri Tadielo, de 41 anos, natural de Jaguari e morador de Santiago, o colunista do jornal Correio do Povo, Oscar Bessi, escreveu, em artigo publicado nas páginas do conceituado veículo de informação estadual, homenagem ao policial. O Correio do Povo e o colunista autorizaram o Blog Rafael Nemitz a reproduzir o texto.
O adeus de um valente
Minha amiga Raquel, colega de profissão e pessoa de uma espiritualidade incrível, mostrava uma mensagem de luto, dor e lamento na tarde de quinta-feira. Ao perceber isto, fiquei preocupado. Perdermos um colega? Quem? Eu recém havia encerrado minhas aulas de Mediação de Ocnflitos, para os futuros novos soldados na EsFES Montenegro, e articulava uma partida de futebol entre PMs para o início da noite. Estranhei que nenhum dos ex-colegas do 5º BPM respondesse mais minhas mensagens. Nem o Tenente-Coronel Pitta, Comandante Regional da Brigada Militar do Vale do Caí, nosso maestro do time, presença sempre certa nas peladas. Só então li a notícia e entendi a tristeza de Raquel. E porque ninguém me respondia: do Comandante Regional ao soldado mais moderno, estavam todos empenhados na ocorrência da BR-386, em Coxilha Velha, onde bandidos mataram um soldado da BM numa tentativa de asslto.
O soldado Emerson Daltri Tadielo era policial experiente. Pai de família, coração de ouro, corajoso e dedicado. Foi o que mais ouvi de seus colegas de trabalho. Sempre disposto a cumprir qualquer missão - o que o levou a prestar serviços para a sociedade gaúcha na Cadeia Pública de Porto Alegre. Mais de 400km distante de sua unidade de origem, na pequena, histórica e encantadora Jaguari, “a cidade das belezas naturais”. Alguém pode perguntar o que leva um homem a sair de uma espécie de paraíso para trabalhar tão longe dos seus, justo onde o caos tenta se instalar. É o sentimento do dever. O compromisso com a cidadania, a ética e a honra de defender uma sociedade inteira. O amor pela farda que um dia escolheu vestir e, desde então, o fazia ignorar a adversidade e vencer qualquer batalha imposta pelo compromisso com a instituição. E, talvez acima de tudo isso, o amor à família, por quem se dispunha a qualquer sacrifício só para lhes oferecer uma condição melhor de vida, uma perspectiva de futuro neste país tão judiado pelas incertezas, instabilidades e turbulências.
Um policial militar, iniciando sua folga, indo para casa, para na estrada para comprar algo pensando na sua casa, na alegria dos seus, como qualquer outro cidadão do povo. Mas se bandidos chegam para assaltar o estabelecimento, é quase impossível imaginar que esse policial vá assistir a tudo parado, sem reação. Há algo inexplicável que fala mais alto do que a lógica nestes momentos. Só quem viveu isto sabe. E o como e o porquê dá tudo certo ou errado, se o triunfo será do bem ou do mal, é algo que nossa vã compreensão não alcança. Não há como entender as razões do destino. O que importa, neste caso, é que Emerson foi um grande cidadão, um grande brasileiro, um grande brigadiano e morreu na defesa do seu povo e do compromisso com sua farda. E que, esteja onde estiver, seguirá sendo um de nossos melhores guardiões. Eternamente.
Grande Tadielo muito me ajudou quando policial em Nova Esperança do Sul...eu trabalhava na segurança privada...e muitas vezes precisei de sua ajuda.Deus agora esta com ele