Zero Hora segue repercutindo os textos e comentários publicados aqui sobre as críticas de Nei Lisboa à música gauhcesca. Hoje, o Segundo Caderno publica novos textos sobre o caso. Em um deles, João de Almeida Neto solta o verbo contra Lisboa. A maioria dos músicos regionalistas, porém, segue calada. Aliás, enviei e-mail a Edson Dutra, líder dos Serranos, solicitando uma opinião sobre o caso. Até agora não houve resposta. Claro, Dutra ainda não deve ter lido a mensagem.

Leia o artigo de João de Almeida Neto, autor de "As Razões do Boca Braba", canção com a qual me identifico e que diz, entre seus versos, que é melhor ser boca braba, que não ter boca pra nada:

Ficou pior a emenda que o soneto. Depois de chamar a música gaúcha de “intragável” e os músicos de “absurdamente reacionários”, Nei Lisboa, tentando achar uma explicação para a sua falta de respeito, afirma que quem reagiu aos seus insultos está “amesquinhando o tema”, “interessados em insuflar a defesa” e “dela extrair audiência e patrocínio”.

O que ele queria??? Que ouvíssemos e lêssemos suas ofensas calados??? Ao querer que só sua opinião seja publicada no jornal mostra claramente quem é o reacionário. Pelo que disse na entrevista anterior, ele não conhece sequer uma página da história escrita pelos festivais nativistas e pelos compositores que surgiram no Rio Grande do Sul nos últimos 30 anos.

Ou será, mesmo, que ele acha reacionária a poesia socialmente engajada feita pelo Cenair Maicá, pelo Jayme Caetano Braun, pelo Aparício Silva Rillo, pelo José Hilário Retamozo, pelo Robson Barenho, pelo Sérgio Jacaré Metz, ou pelo Luiz de Miranda e pelo Luiz Coronel, pelo José Fernando Gonzales????

Acha, mesmo, intragáveis as construções harmônicas das composições do Luiz Carlos Borges, do Talo Pereyra, do Marinho Barbará, do Marco Aurélio Vasconcelos, do Sérgio Rojas??? Quando cheguei a Porto Alegre, no início da década de 80, pouco antes do que ele chamou de “boom dos festivais”, as pessoas identificadas com a cultura gaúcha eram ridicularizadas.

O movimento nativista transformou esse quadro. O que era motivo de chacota virou moda e a Capital ficou cheia de jovens usando bombacha e tomando mate pelos shoppings. Nei é uma das poucas pessoas que não se deu conta dessa mudança. Que sono profundo! Que mão embalará seu sono???? A do preconceito???? A da desinformação???? Ou a do ciúme????

Como pessoa esclarecida que se julga ser, Nei deveria saber usar o direito à crítica sem ofender. Não é só ele que tem história e dignidade. A cultura gaúcha não está sob a patronagem de ninguém, nem sob a correição dele. E bufe o eunuco.

JOÃO DE ALMEIDA NETO

Cantor e compositor