12 Anos sem Dirce, um texto de Ayda Bochi Brum Postado terça-feira, 27 de julho de 2010 ás 16:38
Hoje, completa 12 anos que a professora da Escola de Educação Básica da URI Santiago, Dirce Helena Brum do Nascimento foi assassinada dentro de sua própria casa. Uma morte trágica, até hoje envolta de mistério e sem solução. O frio assassino está a solta, impune.Em memória da professora Dirce, publico, com exclusividade, esse emocionante texto escrito pela professora Ayda Bochi Brum.
12 anos sem Dirce
Dirce, nossa querida Dirce, funcionária exemplar, amiga de todos, colega amável e dedicada. Profissional competente e responsável, nunca deixando transparecer os seus infortúnios durante o seu trabalho. A todos atendia com solicitude e empenhava-se para que ninguém tivesse um motivo de desagrado por falha no trabalho que realizava com tanto esmero. Era pontualíssima no desempenho de suas funções: jamais chegou atrasada, raríssimas vezes faltou ao trabalho e as raras vezes que isso aconteceu teve sempre, e com antecedência, uma justificativa séria.Uma vez, uma única vez, não justificou sua ausência. Naquela manhã, 27 de julho de 1998, ela faltava ao trabalho pela primeira vez sem justificar sua ausência. Todos se indagavam: E a Dona Dirce? Por que não veio? Teria acontecido alguma coisa com a Dona Dirce? Às 13h daquele mesmo dia, ela também não estava para o expediente da tarde. Isso era muito estranho. Ligamos para seu irmão João Alfredo para saber dela. Ele também se mostrou preocupado, pois pensava que ela estivesse no trabalho. Sua casa foi aberta e ela foi encontrada morta, covardemente assassinada. Na URI, todos se abraçaram num círculo de dor. Houve pranto e soluço. Que assassino frio! Que monstro! Que fera enlouquecida poderia ter assassinado um anjo indefeso, quando se recolhia para seu merecido descanso, no seu quarto, já vestida para dormir?Ela, apesar de não lhe sobrar quase nada do que ganhava, vinha guardando algum dinheiro para as roupas novas que queria usar quando, em agosto, a URI se mudaria para o atual endereço.A URI se mudou. Seu balcão de trabalho se mudou, seus apontamentos de secretaria acompanharam a mudança. Ela não poderia mais estar fisicamente, apesar de estar em cada um de nós. Na nossa indignação que buscava o autor do mais horrendo homicídio, ela estava. O tempo passou. A justiça não encontrou o assassino. Nossa dor não acabou, abrandou-se, como todas as saudades se abrandam. Hoje a minha dor rompeu o casulo do tempo e estou banhada em lágrimas ao escrever esta história de vida.
SAUDADES...
Ayda Bochi Brum
Ayda Bochi Brum
Postar um comentário