Coluna "Ao Ponto" de Naryel Barcelos: O Limite Necessário Postado domingo, 30 de abril de 2017 ás 16:55
O LIMITE NECESSÁRIO
Seguimos essa semana com um tema bastante solicitado pelos nossos leitores. Um assunto abrangente e importante dentro da nossa sociedade, pois a questão dos limites ou a falta deles reflete diretamente na forma como as pessoas interagem e se relacionam.
Nunca se discutiu tanto, quanto hoje, assuntos como falta de limites, inclusive o desrespeito em sala de aula. Dentro das instituições escolares, nunca se observou tantos professores cansados, estressados e, muitas vezes, doentes física e mentalmente.
Porém a questão dos limites é um fator que vem até mesmo antes da criança ser inserida no mundo escolar. Impor limites a uma criança não deve ser visto como um fato negativo, mas sim, de forma positiva, pois o ser humano necessita de limites para o seu completo desenvolvimento.
A falta de limites leva a uma educação sem disciplina. Os pais têm receio de limitar as crianças e acabar trazendo algum dano, porém usar o bom senso e algumas regras para estabelecer limites na educação infantil não arranca pedaço de ninguém. É necessária a consciência de que para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança e muita paciência. Quando os pais não colocam limites para os filhos desde sua infância, estão contribuindo para formar cidadãos que não compreendem suas responsabilidades e que não respeitam normas e nem as outras pessoas. Você quer isso para o seu filho? Acredito que não.
Notamos que as crianças de hoje estão mais bem estimuladas e respondem com maior agilidade ao meio, o que lhes conferem a boa posição de serem participantes em casa e na escola. Mas se analisarmos a falta de condução por conta da educação sem limites, as crianças acabam se tornando canhões sem direção, que atiram para vários lados e acabam acertando em quem estiver na trajetória.
De acordo com estudiosos, a construção de limites está diretamente ligada a capacidade da criança de obter uma socialização bem sucedida. Os pais precisam entender a importância do “saber dizer não”, e sustentar essa posição. É necessário a criança entender que nem tudo é autorizado e possível.
Educar não é uma tarefa fácil, mas é preciso o máximo de dedicação para fazê-la. Educar dá trabalho, é preciso ouvir o filho antes de formar um julgamento, prestar atenção em seus pedidos de socorro para ajudá-lo, identificar junto com o filho onde ele falhou, ensiná-lo a assumir as consequências em lugar de simplesmente castigá-lo, não resolver um problema que ele mesmo tenha capacidade de solucionar e não assumir sozinho a responsabilidade pelo que ele fez.
É preciso sabermos que a família é o primeiro fator na transformação do caráter de uma pessoa. Porém o que tem se visto muito é a questão da família não querer se responsabilizar pela educação da criança. O papel da escola é ser construtora de conhecimento apenas, mas acaba recebendo da família a responsabilidade de também educar, tanto no sentido acadêmico como de educação familiar. Aí está um grande problema.
O exercício do viver só é realizável vivendo na prática e o mesmo ocorre com a educação. Então é preciso arregaçar as mangas e assumir o papel de pais e orientadores. Começar, antes tarde do que nunca a se envolver neste processo importante e determinador da vida do ser humano, achando tempo e espaço para esta empreitada. Sempre que desejamos muito alguma coisa damos um jeito para alcançá-la. O que nos impede de lutar por esta causa mais do que nobre? Qual medo existe em educar os próprios filhos?
Naryel Barcelos é jornalista e radialista, proprietária e diretora do Jornal Fronteira Missões e da Rádio 89.1 FM, de Santo Antônio das Missões. Com destacada atuação na imprensa regional, a mãe da Manoela e do Inácio semanalmente colabora com o Blog Rafael Nemitz.
Postar um comentário