A Experiência do Luto, artigo da psicóloga Maiara Castro de Freitas Postado domingo, 10 de dezembro de 2017 ás 22:01
A EXPERIÊNCIA DO LUTO
Nossa história de vida é recheada por perdas e separações, que nos fazem lembrar o quanto qualquer vínculo e relação são marcados, consciente ou inconscientemente, pela temporalidade. Neste sentido, o luto se configura como uma reação psicológica que surge diante de uma perda, e exige, para sua superação, tempo e esforço pessoal. Esta reação psicológica, além de envolver aspetos emocionais, também é carregada de componentes sociais e fisiológicos.
O luto, na maioria das vezes, é associado a morte, porém, este processo também pode ser experimentado diante da ruptura de uma relação, da perda de um trabalho ou da perda de um objeto relacional com o qual se tinha um vínculo forte. Sendo assim, o processo de luto implica que, diante da perda, possamos nos adaptar a um novo momento em nossas vidas, sem essa pessoa ou coisa/objeto, e que o seu desenvolvimento passe pela (re)construção de significados.
Geralmente, quando se entende que o luto é um processo normal limitado no tempo, e busca-se sua evolução em direção a superação (o que pode fortalecer a maturidade e crescimento pessoal), esse processo tende a se resolver de "forma natural". No entanto, mesmo se reconhecendo que é um processo "natural" e que gera grande sofrimento a maioria das pessoas, esse momento pode chegar a produzir transtornos, caso os sintomas se mantenham e afetem o desenvolvimento da vida diária. Logo, percebe-se que algumas pessoas ficam estagnadas em alguma fase e não conseguem se desprender ou se despedir daquilo que perderam.
É difícil dizer quando o luto realmente termina, pois esse processo de elaboração depende de cada pessoa, da proximidade e da qualidade do vínculo que existia. Assim, a elaboração do luto requer que a pessoa passe por diferentes fases, onde podem predominar emoções muito dolorosas. Diferente do que muitos pensam essas fases não se configuram como períodos organizados e fixos. Pelo contrário, costumam se sobrepor, carregando uma mistura de emoções e respostas. Portanto, apesar de o luto ser entendido como um processo “natural” leva seu tempo para ser processado e não deve ser apressado. O sujeito precisa enfrentar a perda, atravessá-la de uma forma adaptativa, desenvolvendo novos aspectos e mecanismos.
É importante, também, que as emoções e sentimentos em relação a essa perda, possam ser comunicados, expressados, e não reprimidos. Por isso, pode ser necessário buscar a ajuda de um profissional, pois é fundamental que o processo de enlutamento seja vivenciado até que ele seja superado, para que a dor da perda não fique reprimida e se manifeste, posteriormente, na forma de algum outro sintoma ou transtorno. O psicólogo clínico pode auxiliar nesse processo de superação, ajudando o sujeito a construir um novo tipo de vínculo com a perda. Também, para que possa se adaptar a nova condição de viver sem aquilo que se foi estabelecendo novos sentidos que possam ser compreendidos como uma reorganização de sua subjetividade e das novas possibilidades de existir que se mostram a partir de então.
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