Os dados analisados pela MetSul neste sábado (16) mostram que os volumes de chuva podem ser muito altos em pontos do Centro e do Nordeste da Argentina, Uruguai e o Rio Grande do Sul na soma dos próximos sete a dez dias. 

Considerando que agosto tem elevadas médias históricas de precipitação, a tendência de que em poucos dias as médias sejam superadas em alguns municípios. Isso significa que haverá localidades com 150 mm ou mais de chuva em intervalo de apenas uma semana.

De acordo com a avaliação da MetSul, a instabilidade vai se dar em dois momentos principais nos próximos dias, sendo que o segundo momento deve ser responsável pelos mais altos acumulados de chuva. 

No primeiro momento, baixa segregada (baixa fria em altitude) vai avançar do Pacífico para o Chile, cruzar os Andes e mover-se para o Centro da Argentina, Uruguai e o Rio Grande do Sul na primeira metade da semana, antes de se transformar em um ciclone no Atlântico.

Este sistema, e a ciclogênese, devem organizar uma linha de instabilidade que provocará chuva no Rio Grande do Sul principalmente entre terça (19) e quarta-feira (20), embora já chova em parte do estado na segunda (18). 

No segundo momento, entre sexta (22) e sábado (23), a instabilidade ganha muita força sobre o Rio Grande do Sul com chuva forte e localmente volumosa com a aproximação de uma massa de ar frio que organizará uma frente fria.

Não há um consenso entre os dados ainda no momento sobre o que deve ocorrer na sequência, com alguns modelos indicando a instabilidade ainda se mantendo sobre a Metade Norte gaúcha entre os dias 24 e 25 enquanto outros melhoram o tempo com a chegada de uma massa de ar frio.

Há um consenso entre dados disponíveis nesta sábado que o período de forte instabilidade indicado para os próximos dias deve trazer volumes elevados de precipitação mais ao Sul do Brasil, em particular no Rio Grande do Sul. 

Modelos numéricos com projeções de até sete dias não conseguem ainda captar todo o período de instabilidade, mas simulações computadorizadas com intervalos de até dez dias são consistentes em apontar que os dois episódios de instabilidade devem causar volumes altos a excessivos de chuva. 

Os mapas acima mostram as projeções de dois destes modelos numéricos com dados para até dez dias. Eles podem ser consultados no site da MetSul por assinantes (assine aqui) e trazem projeções de chuva do modelo canadense (CMC) e do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

Tal como se observa nos mapas, há um consenso entre os dois modelos que parte do Rio Grande do Sul pode ter chuva de 100 mm a 150 mm, mas o modelo canadense tem uma projeção muito agressiva – que não descartamos possa estar superestimando – com acumulados em pontos do estado gaúcho de 200 mm a 300 mm. 

Nos próximos dois a três dias, com dados de mais modelos com prognóstico de sete dias, se poderá ter uma ideia mais precisa de volumes e sobre onde pode chover mais, mas a MetSul considera, desde já, altíssima a probabilidade que o território gaúcho vai enfrentar chuva com volumes muito altos.

A chuva prevista deve inevitavelmente causar transtornos, como alagamentos em áreas urbanas e rurais, além do risco de deslizamentos e quedas de barreiras em zonas de encostas. Algumas estradas municipais no interior podem se tornar intransitáveis. A extensão dos impactos da chuva, entretanto, ficará mais claro com mais projeções que serão atualizadas no começo da semana.

Com chuva volumosa, obviamente haverá subida de níveis de rios. Todavia, é bastante prematuro no momento qualquer consideração sobre quais bacias de rios podem ser mais impactadas e quais podem enfrentar cheias ou mesmo risco de enchentes, o que ficará claro nos próximos dias. Mas desde já se antecipa que haverá risco hidrológico, ao menos para cursos d´água menores, com a instabilidade que se avizinha.