Coluna de Marianita Ortaça: Negligência e abuso físico em crianças - Consequências psicológicas Postado sábado, 11 de fevereiro de 2017 ás 22:34
Negligência e abuso físico em crianças
Consequências psicológicas
A negligência, a forma mais prevalente de maus tratos infantis, é o fracasso em oferecer cuidados e proteção adequados a uma criança. As crianças podem ser prejudicadas pela recusa intencional ou não de necessidades físicas, emocionais e educacionais. A negligência inclui o fracasso em alimentar a criança adequadamente e protegê-la de perigos. A negligência física inclui abandono, expulsão de casa, supervisão inadequada e desinteresse imprudente pela segurança e o bem-estar da criança. A negligência médica inclui a recusa, atraso ou fracasso em fornecer atendimento médico. A negligência educacional inclui permitir faltas recorrentes e não matricular a criança na escola. (SADOCK, 2011 p.228)
Se pensarmos somente na negligência que inúmeras crianças sofrem no mundo todo, já nos dá um embrulho no estômago e um sentimento de indignação e perplexidade, afinal de contas, aprendemos que os pais são aquelas pessoas responsáveis por proporcionar no mínimo condições dignas de vida para o ser que colocaram no mundo, pois, sabemos que muito mais do que isso é necessário para um bom desenvolvimento do indivíduo amor, carinho e atenção. Acontece que a negligência é mais comum do que pensamos e não é em vão que as varas da infância e juventude estão abarrotadas de casos assim que chegam ao judiciário. Mas não bastasse esse tipo de violência, há ainda o abuso físico. Este pode ser definido como qualquer ato que resulte em ferimentos físicos não acidentais, como bater, morder, queimar e envenenar. Algumas situações de abuso físico são resultado de castigos exageradamente severos ou injustificados. O abuso físico pode ser organizado segundo os danos causados ao local do ferimento: tecidos da pele e superfícies, cabeça, órgãos internos e sistema esquelético. (SADOCK, 2011 p.228)
Crianças abusadas exibem comportamentos que devem despertar suspeitas em profissionais da saúde. Outro profissional que pode e deve estar atento ao seu público-alvo é o professor, pois, por passar grande parte do seu dia na presença dos alunos, se sensível perceberá atitudes estranhas que podem indicar o abuso e com isso denunciar para que a criança seja retirada do meio conflituoso e realidade cruel e devastadora, psicologicamente falando. Por exemplo, as crianças podem ser excepcionalmente medrosas, dóceis, desconfiadas e reservadas. No entanto, também podem ser disruptivas e agressivas, refletindo em seu comportamento o exemplo que tem no seu ambiente familiar. Podem também evitar contatos físicos e não demonstrar expectativa de serem consoladas por adultos, estar constantemente alertas a perigos e sempre avaliando o ambiente, e podem ter medo de ir para casa.
A literatura a respeito das consequências psicológicas do abuso físico e da negligência indica uma ampla gama de efeitos: desregulação afetiva, padrões de apego inseguros e atípicos, prejuízo nos relacionamentos com pares envolvendo agressividade crescente ou retraimento social e fracasso acadêmico. Crianças vítimas de abusos físicos exibem uma variedade de psicopatologias, incluindo a depressão, transtorno de conduta, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno desafiador de oposição e transtorno do estresse pós-traumático. (SADOCK, 2011 p.230).
*Marianita Ortaça é psicóloga, cantora e instrumentista. Tem consultório e reside em São Luiz Gonzaga, na região missioneira. É filha de Pedro e Rose Ortaça. Irmã de Alberto e Gabriel. Realiza palestras em todo o Estado, especialmente sobre temas relacionados a psicologia.
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