Santiaguenses foram flagrados pelo Diário de Santa Maria no Carnaval de Jaguari Postado quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010 ás 02:07
Parecia que todo mundo estava na Quarta Colônia e só nós íamos para o outro lado, sob uma chuva absurda. Na noite de segunda-feira gorda, nosso destino foi o Carnaval de Jaguari – que, pelo que haviam dito, “era tão bom quanto o de Lavras do Sul”. Considerei um elogio importante para uma cidade de 11,6 mil habitantes e aceitei conhecer a folia de lá. Mal sabia que a “pequena cidade” dobra a população nesta época do ano.
Chegando lá, vimos dezenas de foliões indo ao epicentro da festa, a Avenida Severiano de Almeida, no centro. Muitos carregavam isopores cheios de cervejas e refrigerantes. Algo curioso já que geralmente é proibido levar bebidas às festas. No local, cerca de 8 mil pessoas dançavam em rodinhas ou nas arquibancadas. Dividindo espaço com a massa, isopores. Um dos grupos somava mais de 10 caixas. Moças dançavam sobre elas. Na arquibancada, vendo mais um folião remexendo sobre uma, não resisti:
– É para consumo próprio ou é para vender?
– É para consumo próprio – disse.
O simpático sujeito – um senhor de meia idade que mora em Uruguaiana e faz Carnaval na cidade há seis anos – virou meu anfitrião. Só pediu para não ser fotografado e para ser identificado como Robert De Niro, já que estava lá “fugido” (não quis perguntar do que ou de quem). Enfim. De Niro contou que a “onda de isopores” existe porque é permitida.
– 99% das pessoas trazem a própria cerveja. Não se vê latinhas no chão porque a prefeitura chamou catadores para juntar. Não pode trazer garrafa, por segurança. Mas não há brigas. Se desse, apartariam rápido – disse, apontando os seguranças em pedestais, no meio da multidão.
Os blocos – Segundo De Niro, o público daquela noite estava pequeno, em comparação às anteriores, que chegaram a ter perto de 20 mil pessoas, mas que a festa da Terça-Feira Gorda deveria ser boa porque haveria desfile de blocos. Além dos grupos de Jaguari, há os de Santiago, Alegrete, Quaraí etc. Alguns têm nomes curiosos: Maria, Você Me Mata, Evita Perón e Sede Zero. Há os com herança italiana, como o Te Smissia!!! (algo como “te agiliza”) e Os Baúco (bobalhão e pateta). Os patetas prometiam desfilar com um trator, ontem, para ganhar o prêmio máximo: troféu e fardos de cerveja.
Até os pais dos participantes sabem disso. Sentados em frente ao Hotel Avenida, encontrei Hermes e Cláudia Amaral, Shirley e Nadir Righes, Ane Maronese e Orozinda da Silva. O grupo, de Santiago, vai levar os filhos.
– É a liberdade vigiada, mas aqui não tem perigo – comentou Cláudia.
A festa de Jaguari é tão boa que Angélica Bandineli, 20 anos, que não pode andar, não perde de jeito nenhum. Nas altas madrugadas, ela dava risadas dos excessos de colegas que improvisavam cornetas e mangueiras para fazer chope em metro.E, com ela, finalmente, vimos alguém com uma melancia na cabeça: Luís Roberto Borges Jr, 21 anos, confeccionou um capacete com a casca da fruta e ainda atarrachou uma lâmpada.
– Quando começo a pensar, ela acende – contou o rapaz.
– Acendeu neste ano? – perguntei.
– Quase.
Um amigo do moço tascou:
– A lâmpada piscou e queimou.
Reportagem especial: Tatiana Py Dutra/Diário de Santa Maria.
Fotos: Ronald Mendes/Especial/Diário de Santa Maria.
Fotos: Ronald Mendes/Especial/Diário de Santa Maria.
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