Caríssimos colegas Professores, Funcionários da Universidade, Estimados Acadêmicos:

Estou me dirigindo a todos, porque não posso mais calar tanta calúnia, tanta difamação dirigidas a mim e a minha família. Talvez porque nunca nos corrompêssemos pagando alto preço pelo silêncio dos sanguinários e inescrupulosos que se utilizam do medo de suas vítimas para extorqui-las. Esclareço algumas das difamações:

1ª) Nossa Universidade foi criada em 1992 pela junção de algumas Instituições isoladas de Ensino Superior. Um ano mais tarde, a FAFIS (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santiago) vem ser um dos Campi da URI. Era gritante a necessidade de qualificarmos professores para enfrentar a nova situação, pois como Universidade tínhamos o dever de realizar além do ensino, a pesquisa e a extensão. Conscientes dessa responsabilidade muitas discussões foram efetuadas nos colegiados superiores da Universidade.

Os campi de Santo Ângelo, Erechim e Frederico Westphfalen já haviam enviado muitos professores para qualificação. Nosso Reitor, professor Cleo Joaquim Ortigara, no ímpeto de agilizar o processo abre espaço na Espanha, através de convênio para que os professores que se disponibilizassem fossem liberados pelos Campi.

Após aprovação pelo Conselho Universitário, edita a Resolução Nº 104/CUN/98 que dispõe sobre o Plano Emergencial de Capacitação Docente e Afastamento de Pessoal em Titulação/1998. Por essa Resolução, juntamente com outros dezenove professores estava a minha nora que havia entrado na URI juntamente com a minha sobrinha Simone na abertura do Curso de Administração (únicas professoras de que dispúnhamos com curso de especialização concluído e por elas pagos).

A minha nora Tônia Magali Moraes Brum aventurou-se a realizar seu Doutorado em Leon, na Espanha com seu salário de especialista, com seu filhinho de poucos meses. Para que pudessem sobreviver meu filho Olívio Bochi Brum, seu esposo, acompanhou-a e para isso retirei todo o meu fundo de garantia, ele vendeu alguns de seus bens, adquiridos com seu trabalho ao longo de muitos anos, para completar os recursos para sobreviverem. Para isso. Ficaram hospedados por mais de um ano num quarto para estudantes na própria universidade, fazendo suas refeições e as do pequeno filho numa cozinha coletiva. Já no final do curso, por aconselhamento do Reitor, o Olívio foi contratado e ministrou aulas até a proximidade de retornar à Espanha para ultimar a defesa de sua tese. Com isso a URI Campus de Santiago ganhou dois doutores, um na área agrária, curso que estava sendo preparado para ter mestrado próprio e outro na área da Administração.

Meus outros filhos: Alfredo Bochi Brum e Olmiro Bochi Brum fizeram suas especializações e seus Mestrados por conta própria. Por que a difamação?

Muitos colegas foram encaminhados e graças ao esforço de cada um enriqueceram os quadros de nosso Campus.

2º) Quanto a ação trabalhista de que sou acusada, pergunto-lhes se o não êxito em uma ação se dá pela demissão em si, ou pela inexatidão dos registros, todos, inclusive os contábeis? Portanto não há, apenas, um responsável. E o montante de uma ação é um se for pago logo depois de sua sentença e outro, um, dois, três... seis anos depois.

3º) O Procurador da Instituição, Dr. Alexandre Bochi Brum, só era procurador porque iniciou como procurador do Fundo Educacional de Santiago, Instituição Mantenedora da FAFIS, trabalho que por força legal era gratuito para todos os seus dirigentes. Nessa função defendeu uma causa praticamente indefensável, movida pelo SIMPRO, pois a Instituição não cumpria o dissídio coletivo da categoria, cujo valor era imensurável para um universo de 180 acadêmicos.

4º) Quanto à herança por mim deixada, penso que a principal é ter deixado uma Instituição solidamente constituída com um corpo docente aproximando-se do ideal em qualificação e carga-horária. A Pesquisa e a extensão em franco desenvolvimento. Muitos laboratórios instalados e perfeitamente equipados. Os 1350 metros quadrados de área construída transformados em uma estrutura invejável no novo Campus. Os três cursos originais acrescidos de dez novos cursos. Os doze hectares de terra doados pelo nosso benemérito Antônio Vivaldino Bonoto acrescidos de mais de dezoito hectares. Uma escola de Educação básica que serviu de modelo para que outras escolas vislumbrassem novas propostas de educação. Isso sem falar na parte econômica, ainda no tempo da FAFIS, quando era Ministro de Educação O Dr. Jorge Bonhausen por intercedência do Senador Chiareli e do Senador Marcos Maciel conseguimos, o Professor Vítor Vieira da Silva, Presidente do FESAN e eu como Diretora da FAFIS a importância de um milhão quatrocentos e cinquenta mil, a fundo perdido, depositados na Caixa Econômica Federal. Penso que o maior patrimônio deixado foram as centenas de profissionais que buscaram a nossa Instituição, qualificaram-se e estão, hoje, servindo ao desenvolvimento de nossa região.

Deparei-me com a morte de frente, num acidente, lutando pela causa da educação. Tive meu rosto dilacerado e nem naquele momento doloroso, pronunciei uma única palavra de queixa, pois o ideal pelo qual se luta vale mais que a vida.

Se me candidatei é porque desejo repor a Universidade no rumo no qual acredito: do trabalho sério, comprometido com os fins a que se propõe. Com servidores livres para questionar e sugerir, com laboratórios ativos e pesquisadores felizes. Com livros suficientes na biblioteca. Com professores e acadêmicos se sentindo participantes na escolha dos caminhos, ouvindo a Direção e sendo ouvida por ela.

Alguns me acusam de ser velha e eu só posso lhes responder: velho é quem já não luta pelos seus ideais, quem enclausura seus objetivos em interesses pessoais, quem corrompe e se deixa corromper, quem simula afeto, quem não tem gratidão, quem nunca experimentou a sensatez da compaixão (colocando-se no lugar do outro) que traz a paz e impulsiona o homem para estar sempre pronto para servir.

Penso que fomos claros ao longo de nossas explanações, seguirmos a nossa linha humana de administrar dando o nosso exemplo de austeridade e cumprimento de nosso dever, administrar de forma racional e tranquila como sempre fizemos, sem perseguições e observando os aspectos legais.

A confiança que deposito nos meus companheiros de chapa é o fundamento em que alicerço a esperança de uma administração humana e justa, pois a professora Sandra tem comprovado ao longo de sua vida profissional equilíbrio e conhecimento pedagógico, além de ser incansável na execução de suas tarefas acadêmicas, quer no trato com seus alunos, quer na busca de alternativas para o exercício de suas atividades.

Quanto ao Professor João Martins Pinheiro é a segurança que um administrador necessita para a realização de um trabalho responsável e transparente no trato da coisa pública.

Assim, todos nós, cada um cumprindo a função que lhe cabe de acordo com os estatutos da URI e da FURI trabalhar incansavelmente, ouvindo nossos colegas, funcionários e acadêmicos e, mais, como Universidade Comunitária ouvir a sociedade de nossa região, trazendo-a para o diálogo, sondando suas expectativas e fazendo parte do seu crescimento.

Reconheço que tudo que fiz até hoje, teve a participação de muitos colegas, professores, funcionários e amigos que sempre estiveram presentes no meu afã diário e que foram responsáveis pelo êxito das ações e, principalmente, de minha família a quem agradeço pelas horas intermináveis de ausência e a paciência com que muitas vezes me ouviram e sofreram comigo.

Penso ter esclarecido parte das difamações a mim dirigidas e rogo a todos os que precisarem de mais subsídios que me procurem, pois tudo o que lhes relatei pode ser comprovado.

Com todo o respeito que todos merecemos e pela fé que tenho no poder libertador e inalienável direito de pensar me despeço com admiração e apreço.

Prof. Ayda Bochi Brum