‘Ele perguntava por que o pai não acordava’

‘Ele perguntava por que o pai não acordava’ Postado terça-feira, 15 de novembro de 2011 ás 09:06

Diário de Santa Maria - O sargento da Brigada Militar Oneide Damian Maciel falou, por telefone, à Agência RBS, sobre o que ocorreu ao chegar ao local do acidente com o carro do deputado Chicão, logo após a batida, na madrugada de domingo. Maciel foi um dos primeiros a chegar ao local. Confira os detalhes:

Agência RBS - O senhor desceu do carro com o extintor ou voltou depois de olhar o que estava acontecendo?

Oneide Damian Maciel - Descemos imediatamente com o extintor na mão, eu e os dois colegas. Acho que tinha derramado muito combustível. Num primeiro momento, até quase conseguimos apagar o fogo. Se tivéssemos outro extintor, talvez nós tivéssemos conseguido. Eu que cheguei com o extintor, e os outros colegas também auxiliaram. Um se preocupou em retirar a criança de dentro do carro, outro em tentar apagar as chamas e outro em reanimar aquela pessoa que estava desmaiada. Liguei para os bombeiros e para a Polícia Rodoviária Federal.

Agência RBS - O casal ainda estava dentro do carro quando vocês chegaram?

Maciel - Não, a senhora já estava fora do carro, tentando retirar ele (Chicão) de dentro, do lado da porta do carona. Do lado do motorista, não tinha ninguém.

Agência RBS - Ela conseguiu tirá-lo do veículo?

Maciel - Com o nosso auxílio, sim. Nesse momento, a gente se preocupou em ver o que aconteceu, qual era a situação, se ela estava ferida. Ela estava bastante nervosa. Perguntamos se a criança não estava machucada. Ela dizia: ?Ele não está me respondendo, ele não me responde, o que será que houve??. Aí fomos fazer a massagem cardíaca para reanimá-lo. Um pouco fui eu, outro pouco foi o sargento Figueiró.

Agência RBS - O senhor percebeu algum sinal de que ele estava reagindo?

Maciel - Num primeiro momento, ele reagiu, a pulsação voltou. Levemente, deu para notar que o batimento cardíaco reanimou. Seguimos fazendo os procedimentos básicos, mas ele não respondeu mais aos estímulos.

Agência RBS - Quando vocês chegaram, a criança continuava no banco de trás?

Maciel - A criança já estava meio solta, pelo impacto. Ela se desvencilhou do cinto. Retiramos ela de perto do carro por causa do fogo. Explodir não explodiu, mas queimou todo. Não conseguimos controlar as chamas.

Agência RBS - Vocês tiveram dificuldade para retirar o deputado do carro?

Maciel - Não foi muito difícil. Foi só desvencilhá-lo do cinto, ele estava meio com o cinto na volta dele.

Agência RBS - Ele parecia muito machucado?

Maciel - Não. Ferimento externo, não se notava nada.

Agência RBS - O socorro demorou a chegar?

Maciel - Olha, isso eu não posso precisar. Assim que a gente tomou esses primeiros procedimentos, a gente se preocupou em sinalizar a rodovia. Mas eles não demoraram muito.

Agência RBS - O senhor lembra da reação do menino ou dela?

Maciel - Tiramos eles de perto. A criança perguntava por que o pai não se acordava. Aí a gente dizia "deixa ele quieto", para evitar aquele pânico. Nós vimos que ele tinha falecido. Falamos que a ambulância já ia chegar para levá-lo ao hospital. Ela não demonstrou muito perante a criança para evitar um pânico maior. Tiramos a cadeirinha de dentro do veículo e colocamos ao lado da rodovia, o menino sentado ali. Pedimos para ela sentar e ficar calma.

Agência RBS - Ela tinha ferimentos aparentes?

Maciel - Não. Só se queixava de dor no abdôme.

Agência RBS - O carro tinha airbags?

Maciel - Os dois airbags foram acionados, o do motorista e o do carona. Acredito que, para a pessoa que estava ao volante, ele tenha influenciado bastante.

Agência RBS - O senhor já tinha socorrido vítimas de um acidente?

Maciel - Há uns 15 anos, já tinha socorrido pessoas de um acidente com morte. Já tinha passado por essa situação. Nunca envolvendo um parlamentar.

Agência RBS - O senhor não o reconheceu na hora?

Maciel - Não. Esses procedimentos todos, nós fizemos sem saber que se tratava de um deputado. Depois perguntamos aquelas perguntas básicas para tentar identificar a pessoa. Aí ela disse: "Ele é o Francisco Gorski". "O deputado Chicão?", eu disse. A gente fica surpreso por se tratar de uma pessoa conhecida aqui da região, com bastante eleitores aqui em Bossoroca. Frequentemente ele estava por aí. Tinha pessoas bem amigas nossas que trabalhavam para ele.

Agência RBS - Quem chegou primeiro?

Maciel - A Polícia Rodoviária Federal, depois os bombeiros. Nós tínhamos horário para estar em Santa Maria para cumprir a nossa escala de serviço. Eles tomaram conta da ocorrência, e nós seguimos viagem em torno das 4h.

Agência RBS - Ela ou o menino choraram?

Maciel - Ela chorou, entrou em pânico. Só o que o menino falava era: "Por que o meu pai não acorda? Acordem o meu pai. O carro está queimando, vai queimar tudo".

Agência RBS - Que cuidados vocês tiveram para tirá-lo do carro?

Maciel - Quando nós chegamos, ele praticamente já estava caído ao lado do carro. Ele estava desacordado. Possivelmente, ela puxou ele para fora do carro. Ou, com o impacto, ele (talvez) tenha saído. Ele estava só com uma volta do cinto de segurança meio que nas pernas, mas ele já com as costas no asfalto. Tivemos a preocupação de tirá-lo mais distante, com todo aquele cuidado de rolá-lo. A gente pega com todo aquele cuidado, põe a mão por baixo, na parte da cabeça, protegendo, não levanta muito do chão e leva para um lugar bem plano.

2 Responses so far.

FROILAM DE OLIVEIRA says:

terça-feira, 15 novembro, 2011

Respostas contraditórias! Ora o entrevistado ajudou a tirar o Chicão do carro, ora não (ele já estava fora).
Anônimo says:

terça-feira, 15 novembro, 2011

A respeito de quem estava ou não dirigindo, isto não irá mudar nada, acidentes acontecem! Ninguém está livre. Julgar as pessoas é muito fácil, mas em primeiro lugar deviam se colocar no lugar, e ver o sofrimento que a Luciane está passando! Força e muita fé!