A mais antiga comerciante de Santa Maria, ainda na ativa Postado segunda-feira, 24 de março de 2014 ás 13:33
*Carlos Costabeber
A CDL, em comemoração ao Mês da Mulher, homenageou as empreendedoras locais em uma bela solenidade. E a escolhida para representar a todas elas, foi justamente a minha mãe, por ser a mais antiga comerciante ainda em atividade em Santa Maria.
Por isso resolvi escrever a respeito dessa mulher muito especial, que além de mãe, sempre foi um modelo de paixão pelo comércio - durante 66 anos ininterruptos. Um exemplo para as novas gerações, de que antes de tudo, deve-se amar a profissão que abraçamos.
O incrivel dessa história é justamente a origem humilde da personagem. Ela nasceu em Pejuçara, e lá viveu até casar com meu pai (Cirilo, então sargento do Exército em Cruz Alta) em janeiro de 1947. Logo vieram para Santa Maria, com a transferência dele para a 4ª. Cia. (hoje, 4º. Blog).
A mudança fez muito bem a ambos, pois despertou o espirito empreendedor daquela professorinha lá do interior de Pejuçara. Ao invés de comprar móveis novos para a casa alugada, resolveram adquirir o “Armazém Seroni”, na Floriano com a Tuiuty. Com a ajuda dos meus avós maternos, a “Dona Mila” inicou vendendo produtos coloniais que eram enviados pelos parentes da região de Ijuí; assim como tamancos, querosene Jacaré, lenha, alfafa – de tudo um pouco. Era o que se chamava na época, de “secos e molhados”.
O pai, além de trazer seus colegas de farda para comprarem, também pegava no serviço depois do quartel, e ainda usava seu salário como “capital de giro” do novo negócio.
Eu nasci logo depois (1948), e desde que me conheço por gente, estive ao lado da mãe atrás do balcão. Sem dúvidas, foi a minha grande escola. E foi desse convivio e dessa genética familiar, que me tornei um apaixonado pelo comércio e pelos negócios (assim como os dois manos).
Com a firma crescendo, o tio Osvaldo veio se juntar à sociedade. E em 1958 estavam em condições de construir um edificio na esquina da frente, e inaugurando a 1ª. loja de departamentos de Santa Maria, o “Empório Doméstico”.
Os negócios continuaram crescendo, tendo o “Empório” como base da expansão, e cabendo sempre à minha mãe a responsabilidade pelas compras. Ela se tornou uma referência dentro do ramo, e adorada pelos viajantes que faziam parte da sua rotina diária.
Tudo mudou a partir de 1993, quando houve a cisão entre as familias Costa Beber e Gehm, e o Empório ficou com os nossos tios.
Mas ao invés de ficar deprimida, a “D. Mila” viajou comigo para São Paulo, e de lá trouxe a franquia da Hering para Santa Maria – o negócio em que ela continua a exercer a função de lojista, apesar dos seus 87 anos, muito bem vividos.
Por fim, desejo ressaltar a “quimica” que existiu entre o casal, Milady e Cirilo. O pai, que acabou se tornando uma liderança marcante na cidade à frente da CACISM, e a esposa, que discretamente, “puxava” os negócios da familia. Somos gratos a essa mulher, que nos permitiu sermos o que somos.
Justa pois, a homenagem da CDL à mais antiga comerciante de Santa Maria, ainda na ativa.
Carlos Costabeber é empresário e professor aposentado da UFSM. Escreve para o Jornal A Razão e para o Blog Rafael Nemitz.
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