Há exatamente um ano de pandemia, por trás das roupas, óculos e máscaras de proteção, as pessoas pouco veem nossos rostos cansados e mal podem imaginar o grau de cansaço de nossos corpos. Tanto físico quanto mental. Uma carga de trabalho, que exige muita concentração, agilidade e, acima de tudo, equilíbrio. Plantões sob condições de estresse por estar lidando com um vírus altamente letal, inclui a frustração de não conseguir salvar todas as vidas, o medo do contágio e a incerteza diante do que virá. Somos reféns do Coronavírus. Não estamos apenas num grupo de risco, mas convivemos diariamente e diretamente com o perigo.

"Quando escolhi e decidi pela profissão, de alguma forma eu sabia que seria uma vida de duro trabalho, de dedicação ao próximo, de muito estudo. No entanto, certamente não imaginei um cenário dessa natureza." Seguramos as pontas e nos mantemos firmes e fortes, por nós, pela nossa família e por você!

Ser profissional de saúde, médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, sempre foi uma missão. Mais do que isso, um sacerdócio que inclui doses de muito sofrimento e sacrifícios pessoais. Agora, somos nós combatentes de uma guerra...

Saímos e chegamos em casa, temos família, temos uma vida e vivemos num constante vaivém de emoções. E nada se compara ao sentimento gratificante de salvar vidas, mas também é incomparável assistir a morte de mãos atadas, sobretudo se ela vier pela falta de um respirador, um leito de UTI, um equipamento de proteção, uma medicação.

À beira dos leitos, lidamos também com nossos sentimentos em relação à finitude da vida. Medo e coragem, fé e desalento, desespero e esperança.