Novo período de chuva extrema para o Rio Grande do Sul Postado quinta-feira, 9 de maio de 2024 ás 22:37

Conforme o mapa gerado pela Climatempo, pode chover entre 50 e 330 milímetros de sexta a segunda no Estado. Santiago fica entre as regiões com 100 a 200 milímetros nestes quatro dias.


De sexta-feira (10) até segunda-feira (13), a previsão para o Rio Grande do Sul é de um cenário parecido com o que aconteceu na última semana, quando fortes temporais atingiram dezenas de municípios gaúchos. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), há riscos geológicos e hidrológicos para quase todo o Estado.

De acordo com nota emitida pelo Inmet, Cemaden, Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), algumas regiões do Rio Grande do Sul podem registrar volumes superiores a 150 milímetros em quatro dias. Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pontua que a possibilidade de ocorrer volumes extremos, como 200mm ou 300mm durante o mesmo período, não pode ser descartada.

A quantidade de chuva prevista assusta porque é maior que a média prevista para todo o mês no Estado. De acordo com a Climatempo, em maio costuma chover entre 100mm e 180mm no Rio Grande do Sul. Considerando os temporais da última semana, alguns municípios, como Santa Maria, já ultrapassaram esse valor em, pelo menos, três vezes. Nos últimos 10 dias, a cidade da Região Central já registrou 493,5mm de chuva, segundo dados do Inmet.

— Teremos um sistema bastante semelhante ao que causou toda a chuva da semana passada. Não significa que seja igual, mas a tendência é que também tenha um sistema meteorológico chamado frente estacionária atuando no Rio Grande do Sul nos próximos dias. Novamente, os maiores acumulados devem ficar na Metade Norte — afirma Lopes.

A nota do Inmet, Cemaden, Cenad e Inpe também chama a atenção para o centro-leste e o nordeste do Estado. Isso significa que a condição afetará a Região Metropolitana, Serra, Vale do Taquari, Vale do Sinos, Vale do Rio Pardo, Centro e Norte. Segundo Lopes, a quantidade de chuva pode variar dependendo de cada região, mas estima-se que os volumes sejam próximos ou superiores aos 50mm por dia.


— Temos condições para chuva com valores extremos. Mas a quantidade para cada região específica vai depender de onde esse sistema vai ficar parado e permanecer por mais tempo. Existe um consenso dos mapas de que vai ser uma chuva acima dos 150mm (para os quatro dias) e o cenário de valores extremos está dentro disso — prevê.

O perfil da chuva também será parecido com o registrado na última semana. A condição pode alternar bastante, mas a chuva deve ser persistente, podendo ficar mais forte durante alguns momentos. No noroeste do Estado, há chances de temporais com ventania e queda de granizo. A Metade Sul pode receber chuva menos intensa.

Risco geológico e hidrológico

Outra nota, divulgada pelo Cemaden nesta quinta-feira (9), sinaliza que o Rio Grande do Sul pode enfrentar mais problemas geo-hidrológicos causados pela chuva prevista para os próximos dias. De acordo com o documento, há uma alta probabilidade de deslizamentos no Centro, Litoral Norte, Região Metropolitana, Região dos Vales, Serra e parte do Noroeste. Já no Norte e em parte do Noroeste, o risco é moderado.

A situação mais preocupante ainda é a dos rios. O órgão pontua que os municípios das bacias hidrológicas do Rio Uruguai, Rio Camaquã, Rio Gravataí, Rio dos Sinos e Rio Caí correm risco muito alto de registrar eventos hidrológicos, uma vez que já estão cheias e em condições críticas. Com previsão de mais chuva, a tendência é piorar.

O Rio Vacacaí e o Baixo Jacuí foram classificados pelo Cemaden como locais de alto risco. Já o Alto Jacuí, o Taquari e o Jaguarão-Piratini estão sinalizados como bacias de moderado risco. Os hidrólogos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) trabalham com três possíveis cenários que dependem de onde a chuva será mais volumosa.


— Se ela (a chuva) ocorrer na bacia do Rio Taquari e em torno, pode ter o que chamamos de repique nos níveis do Guaíba na semana que vem. Seria uma nova subida nos níveis, para além desses cinco metros. Se ocorrer mais para o sul, próximo da Região Metropolitana, esse repique seria menor. Teria uma pequena subida no Guaíba, o nível poderia chegar aos 4,7m. E, finalmente, se não chover, a expectativa é que, na semana que vem, o nível fique abaixo da marca dos 4m — analisa Fernando Fan, professor e pesquisador do IPH. Os cenários já estão considerando a ação e direção do vento.

Ele explica que as previsões precisam de dados muito precisos, que os órgãos nacionais e internacionais não têm no momento e, por isso, é impossível afirmar onde a chuva será mais volumosa. Segundo Fan, é preciso ficar atento ao comportamento da chuva para ter certeza sobre qual cenário se confirmará.

Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, a Defesa Civil do RS sinalizou que tem conhecimento dos riscos apresentados pelo Cemaden.

Com informações de GZH e ClimaTempo.

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