A posição da Federasul contra a reestruturação das carreiras dos servidores públicos do Poder Executivo do Rio Grande do Sul evidencia o total desconhecimento dos empresários sobre o funcionamento do Estado e de suas estruturas.

O Sintergs, que representa servidores de nível superior, condena veementemente a posição da Federasul, externada pelo seu presidente em ofício encaminhado ao Governador Eduardo Leite, na última semana.

Vale destacar que, durante a pandemia de COVID-19 e agora na tragédia dos alagamentos que assolou o RS, esses mesmos empresários foram os primeiros a pedir socorro aos Governos Federal, Estadual e Municipais.

Os mesmos empresários que agora criticam a iniciativa de reestruturar as carreiras dos servidores e de proporcionar a esses uma valorização digna, invariavelmente, reivindicam empréstimo a fundo perdido, incentivos fiscais, pagamento de salários de seus colaboradores e postergação de impostos.

Os servidores públicos do RS já deram sua contribuição para o equilíbrio fiscal do nosso Estado. Amargam a maior defasagem salarial da história. E, devido a isso, o Poder Executivo sofre com forte evasão de servidores que não veem futuro em suas carreiras, inviabilizando a aplicação de políticas públicas.

O recente evento dos alagamentos mostrou como é importante ter um Estado forte, com estruturas e servidores públicos valorizados. Atualmente, ainda há milhares de pessoas em abrigos e são os servidores públicos os responsáveis por esse atendimento.

Essa narrativa anarcoliberal, rasteira, pobre e discriminatória da Federasul contra o servidor público é extremamente falaciosa.

Importante destacar que o discurso em prol do equilíbrio fiscal defendido pela Federasul é um dos responsáveis pelos danos causados pela catástrofe que assolou o RS. Um Estado capaz de fazer frente a eventos como o que recentemente ocorreu é essencial. Agora, reestruturar as carreiras dos servidores é primordial para reconstruir o Estado.

Por fim, apesar de bradar, os empresários da Federasul não conseguem e não podem prescindir de um RS capaz de fazer frente a demandas estruturais. E elas são muitas. Desse modo, o caminho é reestruturar e valorizar as carreiras dos servidores que, reitere-se, sofrem a maior desvalorização da história do Rio Grande do Sul.