Santiago: Primeira usina de etanol de trigo do Brasil deve iniciar produção em Janeiro Postado segunda-feira, 1 de dezembro de 2025 ás 12:28
Inauguração do complexo da CB Bioenergia finalizará um investimento de R$ 100 milhões entre as obras físicas e maquinário
A primeira usina de etanol à base de trigo do Brasil deve começar a funcionar em Santiago, na Região do Vale do Jaguari, nos primeiros dias de janeiro de 2026. Na última semana de Novembro, a planta industrial da CB Bioenergia, que vai processar o grão produzido na região, recebeu a licença ambiental de operação por parte da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e da Fepam.
No entanto, esta liberação ainda não é o fim do caminho de preparação para que a usina, que tinha previsão inicial de operar no final de 2024, possa ligar as máquinas. Após a licença, agora está marcada para o dia 17 de dezembro a vistoria por parte da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que dará o aval para a produção comercial a partir de Santiago.
"A licença era fundamental para podermos receber a vistoria da ANP. A nossa estimativa é de que, feita a vistoria, em torno de 15 a 20 dias aconteça a publicação da liberação pela agência no Diário Oficial da União, e aí sim, nos primeiros dias de janeiro, pretendemos iniciar a produção", explica o diretor da CB Bioenergia, Tiago Lacerda.
A inauguração finalizará um investimento de R$ 100 milhões entre as obras físicas e maquinário. Segundo Lacerda, ainda restam poucos detalhes de pavimentação de acessos e cercamento da usina. São dois pavilhões dedicados ao processamento de grãos em uma área de 150 mil metros quadrados.
Já na arrancada, a capacidade instalada será de 43 mil litros por dia, em torno de 12 milhões de litros por ano. No entanto, não há garantia de que o etanol combustível será prioridade na produção. A empresa não firmou nenhum grande contrato antecipado e, segundo Tiago Lacerda, a venda será direta, pela procura, a partir do início da fabricação.
"O setor de CO2 fornecido para indústrias tem nos procurado muito, pela ausência desse tipo de produção no Rio Grande do Sul, assim como o setor de nutrição animal e de bebidas. E, claro, há uma parcela da produção que será dedicada ao fornecimento de combustível", detalha o diretor.
A capacidade produtiva prevista ultrapassa 1,3 mil metros cúbicos mensais de álcool hidratado e 1,1 mil metros cúbicos de álcool neutro, além da fabricação de 810 toneladas de DDGS (Grãos Secos de Destilaria com Solúveis) e 2,1 mil toneladas de WDGS (Grãos de destilaria úmidos com solúveis), subprodutos de alto valor nutricional utilizados em rações animais.
Conforme a secretária estadual do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann (foto abaixo), o empreendimento tem importância estratégica para o Estado como forma de fomentar a matriz energética limpa e de garantir novas oportunidades para valorização da cadeia agrícola gaúcha, com a descarbonização da produção.
Tem trigo e até arroz
De acordo com Tiago Lacerda, o plano da CB Bioenergia é não ampliar a sua capacidade produtiva em 2026 e, a partir do melhor conhecimento do mercado, projetar algum tipo de expansão somente em 2027. A empresa já tem estocado trigo que garantirá três meses de produção. E, em pelo menos seis meses, toda a produção será mantida com o trigo.
"Temos uma expectativa de faturamento anual acima do que foi investido para erguer a indústria. E movimentaremos toda uma cadeia produtiva a partir da usina, com 60 empregos, por exemplo, e uma ampliação significativa no retorno de ICMS e na movimentação econômica de Santiago", comenta Lacerda, que já foi prefeito da cidade.
A planta industrial, porém, é apta a processar outros grãos, como triticale, cevada, centeio e milho. Um leque de opções que poderá ainda ser ampliado. Já foram iniciados diálogos da CB Bioenergia com a Federarroz para avançar na possibilidade de geração de combustível e outros derivados a partir do arroz.
Com informações do Jornal do Comércio. Fotos de CB Bioenergia e de Igor de Almeida/Ascom SEMA.


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